30 de setembro de 2010

Carnaval de 2009. Uma loucura que não dá pra esquecer.

Então, a quem nós estamos enganando? Quem é o inocente?  Isento de todo pecado e delírio? Quem é o que vai atirar a pedra?
Não estou buscando justificativas para o ato que vou (nem acredito) descrever aqui hoje. Não espero compreensão e muito menos lamurias “hipocritantes” de bons samaritanos.
Como disse o mestre: “aquele que não tem pecado, atire a primeira pedra”.
O caso é o seguinte: Carnaval de 2009 fui a um “retiro” de uma “igreja”. Acho que fui levado ali para aprender mais sobre o “humano demasiado humano” ser cristão. É incrível, mas tudo o que você não espera de pessoas que confessam a Cristo como salvador foi feito ali. Preconceito, profetada , puritanismo, falta de amor ao próximo são exemplos das lições aprendidas naquele lugar.
Isso não é regra, mas também não é exceção. É triste o numero de igrejas que como aquela é alicerçada em conceitos tão destrutivos e que não levam ninguém a Cristo. Diga-se de passagem, a igreja em questão já não existe da mesma forma que era. Por motivos de contenda na alta cúpula da liderança (forte e solida, é claro) o “pastor” abandonou a igreja e resolveu abrir uma nova “comunidade das ovelhas desgarradas”.  
Mas, voltando ao que não deveria interessar: Fui para o retiro convidado por uma tia e lá estavam meus primos (filhos dela) e outro primo filho de uma prima.  Esse primo me remete a um antigo post aqui do blog (esse aqui)... É que ele é diferente. Diferente por ser inteligente e cheio de idéias que ainda não consigo entender.  
O fato de você não entender alguém não é motivo pra tratá-lo de forma rude ou deixá-lo alienado, mas foi isso mesmo que aconteceu.  Ele foi discriminado e segregado. E eu que estava maravilhado com aquela mente tão criativa e cheio de coisas novas (muitas das quais eu preferiria não saber), fui logo tomando consciência de todo aquele preconceito e instintivamente lutei contra aquilo, pois eram nítidos os motivos não cristãos e ignorantes de toda aquela corja preconceituosa.
Já pelos últimos dias do retiro não agüentávamos mais tanta ladainha. Tudo era tão sem sentido naquele lugar e estávamos tão isolados que éramos capazes de explodir.
O lugar era lindo, uma casa enorme, dois campos de futebol, duas piscinas e uma área verde muito bacana. Ao redor, muitos morros. E foi numa tarde de sol que eu e o “Joãozinho” resolvemos matar mais uma das reuniões de manifestações de histerismo coletivo do retiro. A casa que era no alto de um morro estava vazia, pois todos estavam na reunião. Eu e o Joãozinho fingimos estar dormindo e ninguém foi nos buscar. Assim que a casa estava liberada ficamos de bob conversando. Decidimos ir à cozinha ver se tinha alguma coisa na geladeira. Para nossa surpresa tinha. A porta da geladeira estava repleta de bebidas. Eram as mais variadas possíveis.  E foi aí que num lapso, eu que nunca tinha bebido antes, decidi (por mim mesmo e não por influencia) tomar uma cachaça. Não me pergunte qual era, pois não faço a mínima idéia.  
Depois do terceiro copo eu já estava pra lá de Bagdá. Foi quando percebemos que a reunião havia acabado e que pessoas estavam vindo para a casa. No desespero total corremos para o fundo da casa, passamos a cerca e subimos o morro. Na metade da subida, minha cabeça rodava tanto que eu não sabia como eu ainda não tinha rolado morro abaixo. Quando chegamos ao topo, eu completamente surtado decidi ir para o outro lado, onde havia um casebre que parecia abandonado.  Me arrastando e já me sentindo muito mal desci em direção ao casebre.  O mato antes do casebre era um capim grosso, cortante e alto. O chão era barrento e o terreno parecia abandonado. As folhas do capim cortaram meu braço e a lama sujou meus pés. Mas, eu estava decidido a ir até aquela casa que agora tão perto parecia mal assombrada e bizarra.  Um pequeno lance de escada nos separava da porta e um cheiro fétido rondava o lugar. O Joãozinho ao meu lado não acreditava que estávamos ali, eu muito menos.
Aí o inesperado aconteceu. Quando abrimos a porta arrebentada da casa, nos deparamos com algo macabro e surreal. A casa parecia uma espécie de templo diabólico. As paredes estavam todas marcadas com símbolos estranhos e muitas teias de aranha se espalhavam pelo lugar. Objetos estranhos estavam espalhados pelo chão e uma pequena fogueira crepitava com uma panela velha que emanava um fedor insuportável. Na mesma hora eu voltei e caí no chão vomitando. O Joãozinho desesperado me pegou pelo braço e me arrastou morro acima. Meu desespero era total. O risco que corremos indo aquele lugar foi imenso e o nível de inconseqüência de nós dois foi sem precedentes.
Por um milagre passei por um grupo de pessoas que não nos deu muita atenção e fui direto para o banheiro. Joãozinho me pôs no chuveiro e ali fiquei quase uma hora me recuperando. Depois de um pouco de sobriedade deitei e dormi até o dia seguinte com a desculpa de estar passando mal.
Essa experiência foi única, errada e muito bizarra. Essa é apenas uma das lembranças eternas da minha juventude inconseqüente e cheia de mistérios. Não recomendo um retiro como aquele para ninguém, nem muito menos uma loucura como essa.
Agora é com vocês. Comentem.

7 comentários:

  1. São coisas de religião e crença. O preconceito são conceitos aceitos por um grupo de indivíduos inflexível, na qual toda sua filosofia frágil pode ser abalada por novas idéias. Toda Religião haverá os seguidores e os questionadores e geralmente os questionadores formam vertentes isoladas com interpretação própria de seus conceitos, formando um novo grupo.
    Certo ou errado isso?! Sei lá, depende da necessidade do individuo se encontrar nessa sociedade definindo-se por um grupo. Geralmente nos tornamos mais forte em grupo, por isso a religião existe, os dogmas são estabelecidos e os conceitos são uniformizados.
    Não sou de uma Igreja ou religião porque as pessoas se espelham na outra para formar sua linha de pensamentos, eu seria o maior questionador e não haveria seguidores para mim porque não faço questão de formar um conceito sólido, sou flexível de mais.
    Agora sua história no final tomou proporções assombrosas, como se consegue cachaça em um retiro religioso Cristão?! de quem era a cahaça?! só você bebeu e o seu primo ficou sóbrio?! E a casinha abandonada no alto da colina?!
    Era a casa do vizinho ou era dentro da propriedade?! será um abatedouro clandestino para a venda de carne de animais sem a fiscalização?! Ou será a Loja de um Maçom ( Lugar onde o maçom pensa na vida e na morte ).
    Precisamos da versão do seu primo nesta história. E qual foi seu pecado nesta história, beber ?!
    Para meus conceitos você não pecou, só escolheu viver novas experiências, só que completamente bêbado o que impossibilitou de definir o que era a casa assombrada.
    Um grande abraço Filipe, continue assim questionador de si mesmo, mudando conceitos para sempre haver acertos.

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  2. Uma grande História.. De tão Bizarro pensei que nem tivesse acontecido realmente.. Mas acho que isso descrito nesse post é chamado de "vida".. acho que ela é feita assim, de Aprendizados.. Coisas boas.. Coisas Ruins.. Atitudes boas.. Atitudes Ruins.. Preconceitos... Alegrias.. e assim que nós vamos seguindo... Claro que estar bebâdo em um retiro não é uma das coisas mais legais de se fazer nem uma das coisas mais certas, nem uma das mais belas histórias.. Mas de um jeito outro toda essa história serviu de um aprendizado.. Creio que o filipe nunca mais vai fazer isso.. UHASUHASA
    Mas é isso ae filipe continue com seus posts "Bizarros", pois estão cada vez mais legais e como eu mesmo diria "Altas revelações" ASHUAHSA..
    Um grande abraço Filipe..

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  3. AUEAIOEUAOIUAOIUAEOIAUEIOAUEAIOEUAIOUEIOAUE''
    caracaa, eu me lembro desse dia que vc ''passou mal'' todo mundo preocupado com vc, vc ficou láa deitado, vomitando (eu acho, nao me lembro mt bem), caracaa, eu nem imaginavaa isso, não deu pra percebeer nada.
    É, realmente, no retiro infelizmente aconteceram coisas ruins, mas pra mim foi mt legaal (:

    Valeeu, abraçoos ! ;D

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  4. Brave man. Ótima narração e conteúdo fantástico, surreal e real. Foi uma experiência, além de classificações e rótulos moralistas. Valeu a pena, você percebeu o poder da cachaça!! Curiosidade e espírito aventureiro!! A vida seria muito pacata sem esses ingredientes especiais... Claro, tudo tem seus riscos, mas se não for a coragem que enfrenta os mistérios, as casas abandonadas da vida; a vontade de ir mais além para encarnar desafios, viver "into the wild", como seria a vida? Um proselitismo no sentido mais negativo possível. Uma alienação da personalidade e do senso crítico e enclausuramento dentro de valores falsamente construídos, os quais obviamente resultaram no prpeconceito e crítica ao Joãozinho... Pensar e repensar para não ser "hipocritante"e, obviamente, se aventurar. Parabéns!

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  5. História louca hein, gostei

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  6. Depois quero um post somente sobre o Joãozinho, quero saber mais dele, sobre seu ver. Se puder o faça. Precisamos nos ver, e preciso ser atualizado.

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